Na fragilidade do “Menino” está a força do amor de Deus
"Mas quem não se comove, diante da fragilidade e do olhar de uma criança? Talvez por isso, Deus na sua infinita sabedoria escolheu manifestar-se ao mundo de um jeito tão frágil, para poder tocar os corações endurecidos pela indiferença"
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Faltam poucos dias para celebrarmos o Santo Natal, e gostaria imensamente de poder apresentar Jesus a vocês, para que vocês pudessem conhecê-lo, acolhê-lo no coração, na vida, na caminhada de fé, na família e na comunidade. Gostaria de apresentar a vocês o príncipe da paz, que traz consigo o poder, a força e o mistério de Deus; mas também o amor, a ternura, a compaixão e a misericórdia do Pai. Alguém dotado dos poderes divinos, porque Filho de Deus, mas que por amor a nós assumiu a condição humana, com toda a sua fragilidade.
Na fragilidade humana, Jesus experimentou a exclusão, precisou nascer numa gruta porque não tinha lugar para seus pais na hospedaria. Foi colocado numa manjedoura, recém-nascido, porque não tinha um berço para acolhê-lo. E vivendo a experiência da fragilidade humana, pode sentir e valorizar o amor, o carinho e a ternura de uma família. Uma família em condições muito limitadas, do ponto de vista econômico, mas enriquecida pela graça de Deus, porque na simplicidade não deixou faltar o amor, soube acolher e proteger a vida, mesmo em condições difíceis.
O tempo que antecede o Natal é marcado por uma espera, que acaba contagiando as crianças e também aqueles que já foram crianças um dia. Mas quem não se comove, diante da fragilidade e do olhar de uma criança? Talvez por isso, Deus na sua infinita sabedoria escolheu manifestar-se ao mundo de um jeito tão frágil, para poder tocar os corações endurecidos pela indiferença, a violência e a carência do amor solidário, que é capaz de olhar para um horizonte muito mais amplo, que vai além dos próprios pés.
O que pode nos manter vigilantes, a não ser a espera e o desejo de ver algo que julgamos importante para a nossa vida? Talvez na imaginação de uma criança não exista nada de mais bonito ou mais difícil, e ao mesmo tempo mais excitante e angustiante que esperar. Quantos pequeninos fazem neste tempo a pergunta aos seus pais e avós: Quando é o Natal?
Nós, adultos, temos ainda a capacidade de alimentar o sonho da espera e da esperança das nossas crianças? Ou nos esvaziamos completamente do mistério e daquela “magia” contagiosa do Natal? E quem sabe tenhamos deixado morrer dentro de nós a capacidade de nos encantar, de sonhar e nos alegrar com a mensagem do Natal. Corremos o risco de negar às crianças o direito de conhecerem a beleza e a força do amor, presente na mensagem da Festa do Natal. Nos contentamos em dar alguns brinquedos aos pequeninos, como costumamos fazer quase que rotineiramente, mas esquecemos que o Natal é uma mensagem de amor, de esperança e de compromisso com a vida, através do gesto de amor do Pai.
Desejo a você e a sua família, um feliz e abençoado Natal.
+ Dom José Gislon, OFMCap.
Bispo Diocesano de Caxias do Sul