Esperança e perseverança!
Quando deixamos de cultivar a nossa vida de fé de forma pessoal, em família ou em comunidade, perdemos o sentido de pertença. Corremos o risco de nos fechar no nosso individualismo.
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Celebramos a Festa da Apresentação do Senhor, que nos recorda a fé e o compromisso de Maria e José, que seguindo as orientações da Lei de Moisés, levaram o filho Jesus para ser apresentado ao Senhor, no Templo de Jerusalém. É um gesto marcado pela realidade humana, que expressa a dimensão divina da vida, dom de Deus.
Em seus braços, Simeão acolhe Jesus, e, através de seus lábios, manifesta sua gratidão a Deus por ver que sua espera e esperança nas promessas de Deus não foram em vão. Na sua caminhada de homem de fé, temente a Deus, Simeão percorreu os passos de sua vida com tantas interrogações, mas mantendo a esperança viva nas promessas de Deus.
Penso que o testemunho de Simeão nos ajuda a vivermos a nossa vida de fé, também na realidade de hoje, onde a “superficialidade” procura impor-se sobre a “perseverança”. Muitas vezes a fé carece daquela profunda comunhão com o Senhor, que abre espaço no coração para a ação de Deus, na nossa vida. A Igreja, comunidade de fé, ao longo da sua história, foi agraciada pelo testemunho de homens e mulheres que, malgrado todas as provações e sofrimentos, souberam acolher “carismas” que o Espírito Santo suscitou em seus corações, para que pudessem anunciar ao mundo a compaixão, a ternura e o amor de Deus. Lendo suas biografias podemos compreender que foi a oração, o amor e a comunhão com o Senhor Jesus que os manteve fortes e firmes na missão de cuidar dos que careciam, muitas vezes, das condições mínimas para viver com dignidade. Mesmo quando as forças físicas definhavam e as injustiças e incompreensões procuravam obscurecer a presença da mão de Deus nas obras que fundaram, para aliviar o sofrimento físico e espiritual do povo, eles perseveraram.
Como Igreja, povo de Deus a caminho da casa do Pai, é fundamental nos colocarmos continuamente à escuta da Palavra de Deus, para deixarmos o Espírito Santo reavivar no nosso coração a chama da fé, que sabe manifestar gratidão ao passado, viver com paixão o presente e expressar esperança em relação ao futuro. Quando deixamos de cultivar a nossa vida de fé de forma pessoal, em família ou em comunidade, perdemos o sentido de pertença. Corremos o risco de nos fechar no nosso individualismo, vivermos na indiferença, e também fecharmos o nosso coração para que a graça de Deus e o sopro do Espírito possam agir na nossa vida. A presença do Senhor Jesus na nossa vida nos dá condições, através da fé, de fazermos aquilo que as forças humanas sozinhas jamais poderiam realizar. Precisamos saber ver e ler, no silêncio, nas ações e nos pequenos passos de cada dia, as manifestações da presença de Deus na nossa vida.
+ Dom José Gislon, OFMCap.
Bispo Diocesano de Caxias do Sul